“Construir uma psicanálise pertinente a seu tempo e meio” – este é o desafio de Wilson Franco. A relevância deste propósito, em si, já seria suficiente para que o livro fosse recomendável. Contudo, a originalidade e o rigor do autor e a resoluta aposta nas possibilidades de expansão da psicanálise tornam este livro tão importante no contexto psicanalítico brasileiro.O autor faz do pensamento do analista objeto de reflexão: o que permite compreender como este pensar se constrói e opera? Quais elementos podem ser reconhecidos como seus determinantes: sua filiação teórica? Sua classe social? Sua racialidade? A valoração que a psicanálise tem na sociedade brasileira? Sua herança eurocêntrica?Caminhando sem recuar por este espinhoso terreno, o autor se situa em oposição à velha presunção de neutralidade do analista, em crítica à pretensa condição de extraterritorialidade da psicanálise e às suas consequências teóricas e em defesa de uma psicanálise rigorosa e pertinente.Maíra Godói