“No princípio não era o verbo, e sim a voz” ― é o que nos diz, a certa altura deste livro, Michèle Petit, antropóloga, pesquisadora do Laboratório de Dinâmicas Sociais e Recomposição dos Espaços, do CNRS, da França, lembrando que a palavra não existe desvinculada do humano, de sua presença física, de sua corporeidade. Apresentando casos de leitura partilhada no Brasil, na Argentina, na Colômbia e em muitos outros países, Ler o mundo: experiências de transmissão cultural nos dias de hoje oferece um sem-número de exemplos de práticas bem-sucedidas que associam a palavra à memória e à imaginação, mas também à história, à geografia, ao corpo, ao teatro, à dança, à jardinagem ― em resumo, a toda experiência de ordem sensível ou intelectual que nos coloca em contato direto com o outro e com o mundo. Ciente da complexidade da vida contemporânea e do lugar que nela ocupam as novas tecnologias, Ler o mundo é um manifesto lúcido e necessário ― voltado a um público amplo, mas especialmente adequado para educadores, bibliotecários e agentes culturais das mais diferentes esferas ― sobre a importância da leitura e seu papel ativo na criação de sociedades que se querem livres e democráticas.